Só eu que penso muito no quão breve é a vida? Será que sou o único louco que pensa mais em viver do que em sobreviver? Hoje eu recebi a triste notícia de que um jovem conhecido se encontra em estado terminal após a descoberta de um câncer no cérebro. O cara tem 27 anos e toda uma vida sensacional pela frente. Culto, curioso, habilidoso, carismático e, sobretudo, feliz.
Me imagino na sua situação e não consigo ter a mínima ideia. A família deve ter uma grande dor no peito. A frustração de partir antes da hora deve ser terrível. A vida é má. Talvez ele já tenha cumprido o seu papel na Terra, talvez. E se ainda não cumpriu? O rapaz não tem nem metade da idade do meu pai. Qual é o segredo pra continuar por aqui? Acredito que seja a sorte.
Disso tudo eu tiro uma coisa: a certeza de que não tenho tempo a perder. Ficar parado, em casa, olhando pro teto. Não. Eu quero vida. Quero a brisa batendo carinhosamente no meu rosto. Quero a água gelada do mar arrepiando os pelos do meu braço. Quero o Sol queimando a minha pele. Quero cultura. Quero sorriso. Quero lágrimas. Quero lábios. Quero dedos. Quero tocar e ser tocado. Quer sentir e ser sentido. Eu não quero. Eu preciso.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Devaneios de um viajante sonhador
Abro meus olhos como as estradas abrem caminho no meio da mata fechada. O horizonte diante de mim guarda os mais belos segredos que alguém poderia imaginar. É como dar água na boca ao sentir o cheiro da sua comida predileta. Meu corpo sente a necessidade de estar em movimento, precisa conhecer novas pessoas e vivenciar diferentes culturas.
Não tenho pressa. Como diria Henry David Thoreau "aprendi que o viajante mais rápido é o que vai a pé". Não quero o luxo e o conforto de uma cadeira de primeira classe num super avião. O que mais me atrai é o contato com os outros seres-humanos. Conhecimento e cultura vão muito mais além das páginas do livro que você está lendo atualmente. Não há jeito melhor do que aprender através da prática, da vivência.
Errar até acertar. Receber tantos "nãos" até realmente valorizar um generoso "sim". Não dá para aceitar o comodismo e a estática mental. Muitos dizem que não existe essa história de "evolução espiritual". Os que garantem isso, estão em casa, reclamando do que tem para comer no almoço e brigando com as pessoas que o amam. A estrada lhe ensina o desapego, mas também te faz sentir a força da saudade daqueles que são importantes pra você.
Eu me vejo agora sentado na minha sala de onde trabalho, mais tarde estarei na sala de aula. Não é só nesses lugares que me sinto preso. Quando ando pelas ruas da minha cidade e vejo as mesmas pessoas todos os dias, me sinto acorrentado e fadado ao maldito destino de ter uma rotina para sempre. Quanto à sala de aula, valorizo o que os professores me passam (profissão que mais admiro, tanto pela carga de conhecimento que eles tem que carregar e também pela coragem de seguir uma carreira tão desvalorizada atualmente). Já estou farto de tanta teoria. Eu quero viver isso tudo.
Quando seu estomago ronca de fome, você levanta, prepara alguma refeição e resolve o problema. Hoje meu corpo pede que eu viaje. Acho que está na hora de dar uma sumida.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Nove e Meia
Caminhou cedo pela manhã. Em passos lentos e descoordenados, chegou ao seu destino. O caminho parecia interminável (come ele queria que fosse verdade). No hall de entrada, pegou um copo descartável e o encheu de café preto e amargo. Longos jatos de adoçante mudaram o gosto do café. A amargura permanecia em seus olhos. Sem muito o que escolher, subiu as escadas e sentou em frente à sua mesa. São nove e dez da manhã.
Grandes pilhas de papel impediam que ele visse que seu computador permaneceu ligado durante a noite. Ao mexer no mouse, a luz do monitor penetrou em seus olhos e as pálpebras se contraíram como lagartas atingidas por uma bela quantidade de sal.
Um gole no café e um palavrão logo em seguida. A metáfora da lagarta volta. A alta temperatura da bebida fez sua língua borbulhar de dor e seus dentes apertaram o lábio inferior, que já tinham as marcas dos seus dentes (o que leva a crer que esse episódio não era novidade em sua vida). Ainda são nove e quinze da manhã e lhe resta um longo dia pela frente. A melancolia de uma terça-feira de outono faz qualquer ser-humano bocejar e querer voltar para casa o mais rápido possível.
Os minutos passam, mas ele se sente uma daquelas árvores centenárias gigantes, enraizado na sua cadeira e vendo anos se passando em frente aos seus olhos. Sua mente está na sua casa, no seu sofá e na sua TV. Ele estava ansioso para se ver na tela de 40 polegadas.
Como muitos outros, ele tinha se tornado no que a tevê tanto quer. Um fantoche. Um ser sem vontade, sem senso crítico aguçado. Sem vida. Ela te mostra como você deve ser. Ele tinha apenas a sua rotina, como a programação de redes televisivas. Seus horários eram controlados e nada saía daquela forma.
O homem continuava parado em frente ao computador. Apenas seus olhos e suas mãos se movimentavam. Ainda são nove e meia.
Grandes pilhas de papel impediam que ele visse que seu computador permaneceu ligado durante a noite. Ao mexer no mouse, a luz do monitor penetrou em seus olhos e as pálpebras se contraíram como lagartas atingidas por uma bela quantidade de sal.
Um gole no café e um palavrão logo em seguida. A metáfora da lagarta volta. A alta temperatura da bebida fez sua língua borbulhar de dor e seus dentes apertaram o lábio inferior, que já tinham as marcas dos seus dentes (o que leva a crer que esse episódio não era novidade em sua vida). Ainda são nove e quinze da manhã e lhe resta um longo dia pela frente. A melancolia de uma terça-feira de outono faz qualquer ser-humano bocejar e querer voltar para casa o mais rápido possível.
Os minutos passam, mas ele se sente uma daquelas árvores centenárias gigantes, enraizado na sua cadeira e vendo anos se passando em frente aos seus olhos. Sua mente está na sua casa, no seu sofá e na sua TV. Ele estava ansioso para se ver na tela de 40 polegadas.
Como muitos outros, ele tinha se tornado no que a tevê tanto quer. Um fantoche. Um ser sem vontade, sem senso crítico aguçado. Sem vida. Ela te mostra como você deve ser. Ele tinha apenas a sua rotina, como a programação de redes televisivas. Seus horários eram controlados e nada saía daquela forma.
O homem continuava parado em frente ao computador. Apenas seus olhos e suas mãos se movimentavam. Ainda são nove e meia.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Pássaros
Certo dia já acordei cansado, o que não era novidade na minha rotina. Meus olhos se abriram, mas minha mente permaneceu "desligada". Preparei meu café e sentei em frente à minha TV de led, tela plana e suas muitas outras evoluções tecnológicas que a faziam ser mais funcional e prestativa do que eu naquele momento. Liguei a televisão e passava aquele típico programa matinal que as donas de casa adoram. Culinária, moda e fofoca. Três assuntos que satisfaziam o dia de uma pessoa. Eu analisava a apresentadora, o fantoche que ela tinha como parceiro e todo aquele circo.
Percebi que eu já tinha despertado, que já tinha se passado mais de meia hora e que eu não tinha absorvido nada de produtivo. Resolvi mudar de emissora, mas a cada canal que eu passava se repetia a mesma estrutura de programa (cozinha-moda-fofoca). Desisti da TV.
Liguei meu notebook, querendo ler algo interessante e que me fizesse raciocinar um pouco mais além dessa irritação. O Facebook foi meu primeiro destino (perverso, diga-se de passagem). Mais do mesmo. Desci a barra de rolagem por, no mínimo, uns dez minutos. Eu apenas lia aquelas imagens coloridas e cheias de mensagens ocas, sem conteúdo. Ainda atordoado e sem ter absorvido nada de relevante, segui para os sites de notícias. Que erro. Tragédias, futebol e mulher fruta. Como pode ser tão fácil viver aceitando essas informações e sem, pelo menos, questioná-las? Fiquei cansado sem nem ter pensado direito durante uma hora.
Saí e vi pássaros catando no muro da frente.
Sim, agora eu estava acordado.
Sufoco
Não sei como nossos pais aguentam essa vida terrível. A manipulação que sofro todo dia me deixa mais atordoado. O comodismo em dizer "é o que eu posso fazer, não tem pra onde fugir" é o que mais impressiona. Sério. Não entendo como conseguem passar 40 anos presos desse jeito. Se sentem satisfeitos com o salário no final do mês. Não, eu não consigo.
A satisfação vai além das notas de cem. Eu preciso crescer, mas não dentro da empresa em que trabalho, mas dentro do meu próprio eu. Não quero viver pra pagar minhas dívidas e comprar meus objetos obsoletos. Preciso da natureza, da cultura, da vivência.
Vocês todos usarão o argumento "Ah, mas pra conhecer o mundo precisa de dinheiro e só se consegue dinheiro trabalhando". Concordo. E essa é a minha queixa. Esse trabalho do jeito que é. Essa escravidão mental e física. Essa transformação do ser em máquina. E de milhares de seres em engrenagens dessa máquina que gera capital para muito poucos.
Enfim, que seja.
Eu vou me libertar.
Mais cedo ou mais tarde.
Eu vou.
Eu vou me libertar.
Mais cedo ou mais tarde.
Eu vou.
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